Segundo li, o Dr. José Mourinho, Licenciado pela Faculdade de Motricidade Humana, será destinguido com o grau de "Doutor Honoris Causa" por aquela Faculdade. Trago aqui esta notícia hoje publicada por uma razão muito simples mas também muito profunda. E, para já, parto da declaração do actual treinador do Inter de Milão: "(...) Para mim é um motivo de orgulho, porque sempre quis ser um exemplo do bom trabalho de preparação e educação desportiva que é dado por professores desta faculdade, de há muitos anos a esta parte".
Ora bem, ele não falou de Educação Física mas de Educação Desportiva. Isto vem a propósito da minha luta de muitos anos e que, ainda há dias, aqui sublinhei que a Educação Física é uma mistificação, é o produto de um tempo completamente desadequado aos tempos que correm. Está, no mínimo, quarenta anos atrasada. Assume o Professor Doutor Manuel Sérgio, com quem ainda ontem tive a oportunidade de dialogar: "(...) Se a Educação Física se se deixa aferrolhar na torre de marfim onde virginalmente querem escondê-la, roubando-lhe o acto fecundante do contacto com as ciências do Homem, jamais excrescerá a mediania".
Complementarmente, posso aqui deixar uma outra passagem do meu Amigo Doutor Olímpio Bento "(...) Para a reconstrução da Educação Física assume particular relevância a revolução operada nos conceitos de corpo, de saúde e de estilo de vida activa e na educação ambiental. Mais, essa reconstrução é ditada por duas ordens de razões incontornáveis: 1. pela necessidade de renovação da própria escola, no tocante à sua configuração enquanto pólo de cultura e de humanidade; 2. pela necessidade de influenciar o desporto institucionalizado que hoje ostenta as máculas de um paradoxo, ao afastar-se da cultura, da formação, da educação, do humanismo. Isto é, encontra-se em rota de colisão com princípios e valores que o fundaram como um sistema moralmente bom e resvala, cada vez mais, para a imoralidade, para o analfabetismo, para a incultura e para a trapaça. Sendo através desta área escolar que as crianças e jovens acedem ao contacto com o desporto, a escola não pode eximir-se da responsabilidade que lhe cabe nesta matéria”.
O Dr. José Mourinho tem razão. Morte à Educação Física e viva a Educação Desportiva.
5 comentários:
Caro amigo
Correndo o risco de parecer teimoso, insisto: o que está em causa não é a melhoria do ensino; é a imagem do Governo, rumo à caça ao voto.
A ministra, de asneira em asneira, continua a tentar disfarçar. Preocupada em contrariar a má fama que conquistou a pulso, faz o que pensa ser melhor para salvar a popularidade do Executivo.
Quanto ao ensino estatal em si, parece-me que a finalidade é mesmo destrui-lo. Ou seja, o seu prestígio estará, num futuro próximo, de tal forma ferido que só os pobres serão obrigados a frequentar as escolas públicas.
Quem tiver dinheiro, porá os seus educandos em escolas de qualidade.
Tudo dentro da filosofia realista de que "quem não tem dinheiro não tem vícios".
O mesmo já se está a passar noutros sectores, tais como a Saúde e a Justiça.
Um abraço
Sei da onda neo-liberal que atravessa toda a Europa e dos interesses de alguns em deixar à responsabilidade do privado sectores que devem ser fundamentalmente públicos, neste caso até por respeito ao normativo Constitucional.
Mas também se sabe que existem grandes movimentos em defesa da Escola Pública, inclusiva e de qualidade.
Penso que o caso português é mais de incompetência, de falta de visão, teimosia e incapacidade para negociar com os parceiros sociais.
Os primeiros meses do próximo ano serão determinantes para se perceber os contornos deste choque entre uma classe profissional e o Ministério.
Um abraço.
Aparentemente,o rugby,é uma modalidade violenta. Nada mais enganador.
Sendo viril, obedece(ou,pelo menos,há muitos anos,obedecia) a um código deontológico de cavalheiros, um código de educação desportiva.
Curiosamente, o futebol profissional, é considerado o desporto -rei, mas,não deixa de ser a escola mais completa de maus exemplos desportivos.
A grande maioria dos seus "artistas" muito ficam a dever a um integral e harmonioso desenvolvimento.
No entanto, são endeusados e objecto de tão grandes homenagens como o vazio e o ridículo que as envolve.
Não me parece que haja substancial motivo para a felicidade dos povos...
Senhor Professor
Permita-me que aqui refira um episódio,ao qual,há muitos anos(em África,em plena Guerra Colonial) me foi dado assistir:
Num descampado,mais que rudimentar,disputava-se uma partida de futebol entre equipas representativas de duas Companhias de Caçadores.
Nessas equipas participavam Oficiais,Sargentos e Praças, todos eles portadores de compleições, tanto físicas como anímicas, temperadas pela rudeza das missões a que eram submetidos.
A dada altura, em plena "idealizada" grande área(não havia marcações)um avançado(Alferes)é,viril,mas correctamente, desarmado por um defesa(Soldado raso).
O árbitro(2ºSargento),errando na apreciação do lance,entendeu que havia lugar à marcação de grande penalidade.
Os aplausos e as assobiadelas,das respectivas claques,sobrepuseram-se.
Nenhum dos directos intervenientes se manifestaram,embora,melhor que ninguém,conhecessem a verdade do facto. Não desautorizaram o juiz do encontro.
Colocada a bola à "distância regulamentar"(medida a passadas do árbitro),foi o próprio Alferes que se "ofereceu" para a marcação do castigo.
Olhou para o Guarda-redes,piscou-lhe o olho,e, tranquilamente,rematou-lhe o esférico para as mãos.
De imediato,os aplausos e as assobiadelas mudaram de campo, perfeitamente alheias à enorme lição de cívica Educação Desportiva.
Desde então,nunca mais vi, entre profissionais,nada que se lhe parecesse.
Bem pelo contrário...
O Pica-Miolos tem carradas de razão.
Um abraço.
Caríssimo,
A história que contou, no essencial, remete-nos para a diferença entre um desporto ao serviço da política e um desporto ao serviço do desenvolvimento. No fundo, de um desporto sinónimo de BEM CULTURAL. O que, infelizmente, temos é um desporto que conduz à estupidificaçã e ao abandono precoce. É pena!
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