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quinta-feira, 8 de maio de 2008

A CONTA DE 2006 E A OCULTAÇÃO DAS DIFICULDADES

Para debater o Orçamento leva-se três intermináveis dias; para discutir a Conta, apenas três horas e um quarto, isto é, na perspectiva do partido maioritário, uma manhã chega e sobra. Dirão alguns que sempre foi assim. Ora bem, tal facto não significa que o processo não esteja errado. O bom senso, julgo eu, deveria de apontar para um formato mais equilibrado porque se o Orçamento é importante, não menos o é, politicamente, a discussão dos resultados do exercício.
Em termos políticos, o ano de 2006 já vai longe. Todavia, analisá-lo e discutí-lo possibilita leituras de processo que podem determinar novas posições e contributos para os orçamentos seguintes. E isso a maioria não quer. Ir ao fundo das questões, trocar a conta por miúdos e compaginá-la com todas as variáveis, pode significar dar razão aos partidos da oposição e, portanto, o melhor é ficar pela rama, pela discussão superficial, por aquilo que parece ser mais evidente. Ainda assim, pelo que assisti, uma vez mais Governo e PSD na Assembleia averbaram mais uma derrota no debate político.
Aliás, as declarações do Senhor Vice-Presidente do Governo, ontem produzidas, não deixam dúvidas que tempos difícieis se aproximam (todos sabem isso), da mesma forma que o próprio Secretário das Finanças, pressionado pela oposição, deixou escapar a existência de dificuldades.
De qualquer forma, não há nem pode haver seriedade no debate político enquanto o modelo de debate assumir estas características. Lamentável, ainda, o abandono de muitos deputados do PSD no momento que o Deputado Carlos Pereira, do PS, fazia a sua intervenção de fundo. É preciso saber ouvir mesmo que não se concorde. É uma regra da democracia.
E como não há seriedade ficou-se pelo fait-divers do relógio estampado na camisola do Deputado do PND e pelo à parte relativamente aos reajustamentos nos menus das escolas em função do aumento do preço dos cereais. A tal história do arroz! Muito pouco para um debate que deveria ser profundo e discutido sobretudo por aqueles que têm formação em economia.

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